Estava sentada na sanita a pensar e cheguei a uma conclusão espectabulástica que deu outra compreensão sobre a minha vida. Eu gosto muito de estar na sanita sentada mesmo depois de fazer o que tinha a fazer quando me sentei nela. Não sei, acho agradável estar lá sentada, semi-nua, arejada, a olhar para a parede e a pensar. Ocasionalmente também olho para uma revista e penso, mas prefiro uma parede de mármore. De preferência beije.
Sempre fui Drama Queen. Reacções exageradas, calma zero, o drama, o horror, enfim, um espectáculo ao estilo grego, cheio de tragédia e emoção disparatada.
Lá está. Emoção. Gosto de emoção. Gosto mesmo de emoção. Qualquer uma serve, porque para determinados assuntos os meus padrões voam pela janela.Emoções positivas são as preferidas e as mais difíceis de obter, então na falta do colorido parto para o negro, para a ausência de luz. Azia, nervoso miudinho, inquietação, stress, depressão, unha roídas, olheiras, como tudo! E o créme de la créme são assuntos inacabados. Ahh os assuntos inacabados, mesmo que o sejam só no nosso coraçãozito ou numa das áreas do córtex cerebral, são do melhor. Aquela coisinha a roer lá do fundo. Não pára, não descansa, sempre a picar, tensa, poc poc poc lá do canto, não desaparece, lá aconchegadinha e bem instalada, a coisinha que eu própria convidei, criei e alimentei. Dá assim um movimento à nossa vida, uma inconstância, uma lomba (ou buraco... é mais buraco) na estrada que a torna um pouca mais interessante e menos previsível, um assunto para falar e pensar, algo que anda connosco, mas que não vai a lado nenhum. Porque é tudo subjectivo e porque qualquer variação é logo relacionada com o assunto que não queremos ver que já não existe. Não quero largar, tipo um cão que morde  com todas as forças o sapato que sabe que tem que dar ao dono, um sapato que tem que deixar ir. E puxa, e rosna, e abana a cabeça e não larga.
Então, tudo isto para concluir que sou uma cadela drama addict.
Rica sanita, a minha.