Cenário: uma sala cheia de caras. Caras queridas sentadas do lado esquerdo à frente e ao fundo, simpáticas, sinónimas de bons momentos, diversão e tolice. Ainda à esquerda mas ao centro, aquelas caras, as que me provocavam azia, malabarismos no estômago, mas que agora é naquela, whatever. Do lado direito os big bosses, professores, orientadores, a malta que dominava.
Estado: tremeliques descontrolados, 3 cafés, uma dor de estômago potentíssima, um vestido azul com um cinto com penas pretas muito fashion, calma, calma, respira, concentra-te na ponta do nariz, tu dominas o inglês, eu domino o inglês mas se em português dou calinadas sobre este assunto em inglês vai ser de bradar aos céus, relaxa, vai tudo correr bem.
Falaram, falaram, falaram, os solventes, os balões, porque uns têm o material todo, porque outros são assado, eu de pé, a olhar para a sala cheia de caras, a olhar para a porta, a pensar no inglês, umas caras sorriam para mim, outras piscavam o olho, outras olhavam com uma retina vidrada que desviavam quando eu olhava, pronto vamos começar. Respirei, tremi com a voz e arranquei. Apresentei sem pensar muito, correu bem, não me ocorre que as outras pessoas não estão muito dentro do assunto, mas pronto, sou sempre assim, acabou, aliviou, começou a discussão do tema. Falaram, falaram e falou um prof do outro edifício sobre uma cena que não percebia e reparei que decididamente gosto de nerds. Gajos que falam com convicção e domínio sobre alto tema xpto turn me on. Aquele nem era nada de especial, não marchava, não olhava para ele na rua, mas quando abriu a boca e debitou sabedoria sobre nanopartículas, uh la la, subiu um pontinho na escada do fodível.
Qualquer dia apareço com um geek branquelas, de óculos de massa preta do tamanho de um plasma, suspensórios e calças a regar. Então e os morenos de cabelo rapado, de olhar intenso, brilho maroto, com pintarola alternativa, a criar aquela química, aquela antecipação, capazes de pegar e nós e...bem vocês sabem...
Quero uma paixão assolapada. Já.